| Texto: Gabriela Villen | Imagens: divulgação

Os desafios de comunicar ciência em tempos sombrios é o tema do Fórum Permanente da Unicamp, que acontece na próxima segunda e terça-feira (17 e 18). O evento é organizado pelo coletivo de Blogs de Ciência da Unicamp, que reúne, desde 2015, pesquisadores, professores e alunos de pós-graduação de diversas áreas da Universidade, com o objetivo de promover uma ferramenta prática e amigável de divulgação científica. A proposta para esse Fórum é fazer uma análise crítica sobre os desafios de divulgação científica em meio a movimentos que negam a ciência e que colocam em xeque a dinâmica das relações entre ciência e sociedade. O evento é on-line e gratuito (confira a programação). As inscrições devem ser realizadas através do link.

"Desde meados de 2018, nossa ideia vem sendo tanto trabalhar nessa frente de desmentir a desinformação, quanto pesquisar a maneira como ela se propaga, se organiza, para trabalhar isso com o público não especialista. Nossa motivação vem do nosso próprio trabalho, de acompanhar o crescimento da desinformação e seus efeitos deletérios na sociedade", explica Ana Arnt, professora do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp e uma das organizadoras do Fórum.

Para ela, apesar do crescente destaque que a ciência tem ganhado no noticiário e no debate público, não vivemos um momento de valorização da pesquisa científica. "Nós tivemos cortes severos nos últimos anos. Um dos nossos convidados é professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que ontem anunciou a possibilidade de fechamento das portas. A gente está falando de uma universidade que está desenvolvendo vacinas e pode não ter dinheiro para pagar luz e pagar a faxina, coisas muito básicas", pontuou.

Arnt destaca que a desinformação é intencionalmente danosa e pesadamente financiada, e como tal deve ser estudada e enfrentada. "Não existe uma criação de desinformação que seja aleatória. Ou ela tem intenção de acobertar outro debate importante criando barulho em algo que não é relevante, ou de causar dano diretamente intencional. A desinformação é um ato interessado, endereçado e intencionalmente prejudicial, e por isso mesmo, ela tem dinheiro para operar.

Confira a entrevista completa com a pesquisadora no podcast Repórter Unicamp:

A programação está dividida em dois dias. No primeiro (dia 17), serão as relações com a terra e a natureza, com foco no Terraplanismo e no Negacionismo Climático. A mesa contará com a participação de Thiago Gonçalves, professor da UFRJ e coordenador do Programa de Pós-Graduação do Observatório do Valongo e de Imprensa da Sociedade Astronômica Brasileira, e de Marcelo Leite, jornalista de ciência da Folha de S. Paulo, internacionalmente premiado. No segundo dia (18), o debate se concentrará no movimento antivacinação e na desinformação durante a pandemia. A mesa será composta pelas pesquisadoras Dayane Machado, doutoranda em Política Científica e Tecnológica (DPCT) da Unicamp, onde pesquisa desinformação sobre saúde com foco em vacinas e Covid-19, e Marina Fontolan, também egressa do DPCT e atualmente no Pós-Doutorado no Centro de Estudos em Ciência, Tecnologia, Cultura e Desarrollo da Universidad Nacional de Río Negro (CITECDE/UNRN, Argentina), ambas integrantes do Grupo de Estudos Sobre Desinformação nas Redes Sociais (EDReS) da Unicamp.

Fóruns Permanentes de 2021

O evento abre o Calendário dos Fóruns Permanentes de 2021, com a participação do Pró-Reitor de Extensão e Cultura, Fernando Coelho. A programação seguirá em formato on-line, atendendo aos protocolos sanitários. "O novo formato exigido pela pandemia da COVID-19 busca manter a qualidade do Debate e pluralidade de ideias garantindo a segurança dos participantes. Isso, porém, não afeta a qualidade dos debates e da troca de conhecimentos promovida há 18 anos pelos fóruns permanentes", afirma Sônia Mazzariol, coordenadora dos Fóruns Permanentes da Unicamp.