Breve Histórico

Nossa história

    Sediado no prédio da antiga Estação Guanabara, o Centro Cultural Unicamp, CIS-Guanabara, nasceu trazendo consigo o legado de uma importante parte da história de Campinas.

    O complexo da Estação Guanabara, pertencente à extinta Cia. Mogiana de Estradas de Ferro, surgiu no final do século XIX, período no qual a cidade passava por transformações bastante significativas, gerando a necessidade de mão-de-obra especializada devido aos novos fazeres que as ferrovias demandavam a medida em que eram construídas. Esse crescimento acelerado, promovido pela economia cafeeira, dinamizou o processo de estruturação das companhias férreas e o consequente desenvolvimento econômico, político e sociocultural de Campinas.

    Inaugurada em março de 1893, a Estação Guanabara, carinhosamente conhecida como Estação da Mogiana, atendeu a várias linhas ferroviárias da região de Campinas, como a Sorocabana, a Funilense (trecho de Pádua Salles) e a de Mairinque. Seu pátio chegou a possuir treze linhas, tamanha a demanda observada à época. Além do transporte de mercadorias, principalmente o café, a estação foi também um importante ponto de embarque e desembarque de passageiros.

     

    Esse período também marcou a Belle Époque campineira, tendo na figura de Tonico, o compositor Antônio Carlos Gomes, o orgulho dos conterrâneos. Desde então, Campinas se tornou território de processos que simbolizaram o ideal de progresso. Foi assim com a intensificação da industrialização ocorrida na segunda metade do séc. XX, e mais recentemente é figurando como importante pólo tecnológico, reflexo da atuação de outra importante instituição campineira: a Unicamp. Portanto, e não por acaso, as ideias e os ideais de desenvolvimento social e cultural sempre estiveram presentes no imaginário coletivo dos seus munícipes, porém, a história não é feita só de louros.

    Com o declínio da economia cafeeira, as ferrovias passaram a acumular déficits culminando, poucas décadas depois, no sucateamento do sistema ferroviário nacional.  Assim, mesmo após esforços da estatal Fepasa, a Estação Guanabara é desativada em 1974, e em suas edificações abandonadas passam a ocorrer ocupações ilegais de toda ordem, acarretando num continuado processo de depredação patrimonial.

     

    No final dos anos 1980, dada a relevância histórica, arquitetônica e sociocultural, a Unicamp pleiteia junto à Fepasa, então empresa do Governo do Estado de São Paulo, a concessão de parte do complexo da Guanabara. A iniciativa, idealizada pelo historiador Prof. José Roberto do Amaral Lapa, surge ainda no final dos anos 1970, mas só se concretiza em 20 de janeiro de 1990, quando então é realizado o comodato de uma área total de aproximadamente 12 mil m2, onde estão contidos os dois principais edifícios construídos a partir do final do séc. XIX, a saber, o prédio principal, caracterizado no estilo neo-renascentista e o Armazém do Café. 

    Com a concessão assegurada, a Unicamp inicia os estudos de recuperação dos imóveis e construção de um Centro de Memória e um Teatro, apresentados na forma de projeto arquitetônico de autoria da arquiteta Lina Bo Bardi, que mesmo passando por adaptações para motivar sua implementação via Lei Rouanet - visando incentivar investimentos culturais por parte das empresas - não obteve êxito. Segundo o entendimento dos gestores à época, havia dois grandes problemas que justificavam esse desinteresse: o elevado custo e a ocupação irregular dos prédios.

     

    Dada a necessidade e urgência de intervenção na área, a Unicamp cria-se um grupo de trabalho (Portaria GR-007/2004) com a atribuição de elaborar um plano para implantação de atividades visando à legítima ocupação imediata dessas instalações. Em 13 de maio do mesmo ano, o Conselho e Defesa do Patrimônio Cultural de Campinas, CONDEPACC, declara, por meio da portaria nº 45, processo nº 02/96, tombado o conjunto imobiliário da Estação Guanabara, perfazendo cerca de 30 edificações.

    Assim, na esteira do tombamento, a Unicamp inicia o processo de desocupação dos prédios, assegurando aos moradores dignidade e assistências necessárias, ação que envolveu a transferência de famílias para o sistema de habitação, assistência social, entre outros. (JU, 18-24/08/2008). Paralelamente ensaia os primeiros movimentos de ocupação legal.

     

    Em abril de 2006, já com os prédios desocupados, iniciam as atividades do Centro Cultural, ainda que de forma espacialmente muito restritiva (DOE, 25/04/2006), uma vez que os imóveis ainda necessitavam de grande intervenção. 

    Finalmente na segunda metade de 2007, a Unicamp e a Campinas Decor iniciam a recuperação de ambos imóveis, encerrando o ciclo de longos trinta e quatro anos de abandono.

     

    Concluída em 22 de agosto de 2008, a Estação Guanabara é novamente entregue à sociedade, sediando oficialmente o Centro Cultural de Inclusão e Integração Social, o CIS-Guanabara (Resolução GR-02/2008, de 21/08/2008), conforme publicação no DOE em 26/08/2008, justificado pelos seguintes fatores:

    - A capacidade acadêmica instalada da Universidade para interagir diretamente com a sociedade em projetos culturais de inclusão e de integração social;

    - A grande urgência demandada da sociedade no enfrentamento de situações sociais oriundas da exclusão sócio-econômica;

    - O interesse revelado pelos diferentes setores da sociedade na busca de um modelo sustentável para o desenvolvimento pleno de Campinas e sua região metropolitana;

    - O papel da Universidade Pública de contribuir para a construção da cidadania e para a melhoria da qualidade de vida;

    - A necessidade de promover a recuperação e a preservação dos edifícios históricos da Estação Guanabara.

                Estabelecidos os norteadores da sua fundação desenvolve, desenvolve sua política cultural fundamentada na universalização da oferta de bens e serviços culturais, mediada por um plano de gestão que fomenta o compartilhamento da responsabilidade no uso dos seus espaços, fortalecendo assim processos para o pertencimento e fortalecimento dos patrimônios material e imaterial, figurando hoje como importante polo cultural, artístico e sócio-educativo de Campinas.