| Texto: Gabriela Villen e Fernando Barbosa

A necessidade de ações articuladas entre as universidades latino-americanas e a importância da extensão universitária, no atual contexto de retrocesso de direitos fundamentais em todo mundo, foram alguns dos pontos destacados durante o I Encontro da Cátedra Aberta de Direitos Humanos da Associação das Universidades do Grupo Montevidéu (AUGM). Sediado virtualmente nessa quinta-feira (20) pela Unicamp, a realização do evento foi uma parceria da Pró-reitoria de Extensão e Cultura (ProEC) com a Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DeDH). O Encontro reuniu estudiosos, pensadores e lideranças sociais de Brasil, Argentina, Chile e Uruguai para um diagnóstico  das políticas públicas e da situação de vulnerabilidade humana na região.

"Vivemos um momento de resistência, principalmente no nosso país. Sabemos que a América do Sul tem um histórico de luta. É importante, mais do que nunca, desenvolvermos ações e reflexões conjuntas para ajudarmos a sociedade a buscar um encaminhamento melhor", afirmou o Pró-reitor de Extensão e Cultura da Unicamp, Fernando Hashimoto, na mesa de abertura do evento, ao lado da Diretora Executiva de Direitos Humanos da Unicamp, Néri de Barros Almeida (entrevista), e do presidente da AUGM, Enrique Mamarella, da Universidad Nacional del Litoral (Argentina). O encontro  foi o primeiro de uma série que será realizada até o início do próximo ano.

Para Mamarella, a pandemia reforça o compromisso das universidades latinoamericanas e apresenta novos desafios na relação com governos e sociedade. "A pandemia de Covid-19 colocou a prova todos nós, universidades, sociedades e governos. Estamos enfrentando o desafio de alcançar um equilibrio adequado entre as medidas para frear a propagação do virus, protegendo a vida das pessoa, por um lado, mas também respeitar plenamente os direitos humanos por outro", pontuou.

A relação entre a produção científica e as políticas públicas esteve no centro do debate da primeira mesa, mediada pela pró-reitora de Extensão da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Claudia Mayorga. "Pensar e entender os retrocessos que as sociedades democráticas tem vivido nos últimos tempos exige uma articulação forte entre nós universidades públicas e entre nós universidades e outros setores da sociedade, para o enfrentamento desses desafios tão complexos", afirmou Mayorga. Partindo de uma reflexão sobre a agenda dos direitos humanos no contexto da America Latina, com Claudio Nash, do Diretor do Observatório de Direitos Humanos, da Universidad de Chile,  o painel abordou a experiência brasileira e uruguaia, com Dirceu Greco, Presidente da Sociedade Brasileira de Bioética, e Gregory Randall, da Universidade de la Republica no Uruguai.

No período da tarde, o painel expôs algumas das condições que tornaram ainda mais vulneráveis populações em ocupações urbanas, encarceradas e moradores em situação de rua durante a pandemia. Desigualdades sociais e violência doméstica também foram citadas como problemas agravados pelo contexto. Comandado por Mariana Gonzales, da Universidade de La Republica do Uruguai, o encontro contou com a participação de Sandra Leopold, da Universidade de La Republica do Uruguai, Maria Paula Spina, do Observatório de Violência de Gênero da Universidade del Litoral da Argentina e Rubens Bedrikow, da Faculdade de ciências Médicas da Unicamp. 

Os expositores destacaram, também, a extensão universitária como importante fator de aproximação entre a pesquisa e as populações vulneráveis.  “Uma coisa é ouvir falar, outra coisa é se envolver. Precisamos dar um passo adiante do ponto de vista de realmente valorizarmos os projetos de  extensão nas universidades”, declarou Bedrikow (veja também OcupaExtensão Vila Paula).

Acompanharam o evento 257 participantes, de mais de sete países, incluindo América Latina e Europa. A íntegra do Encontro pode ser conferida no link.

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